Quando da chegada do Rei Dom João VI ao Brasil, nos anos 1800, as mulheres “de família” saíam de casa apenas para ir à igreja. No dia a dia, permaneciam detrás do maxarabiê, uma treliça de madeira que fechava janelas e possibilitava a quem estava dentro do imóvel ver o ambiente externo praticamente sem ser visto. A retirada da peça das residências, decidida por questões políticas e sanitárias, mereceu a reprovação – e a resistência – de diversos homens. Mas a abertura de novos horizontes para as mulheres era um fenômeno inexorável.
Carlota Pereira de Queiroz entrou para a história como a primeira mulher a participar de uma Constituinte. O texto de 1934 reconheceu a igualdade dos sexos perante a lei, permitiu às mulheres o exercício de cargos públicos e levantou os entraves ao ingresso feminino nas universidades. Otimista – talvez em excesso – Carlota discursou pregando o fim do “problema do feminismo” no País.
As desigualdades certamente permaneciam – e ainda podem ser vistas hoje – mas o otimismo da antiga parlamentar frutificou. Agora há uma mulher na Presidência da República e em cargos essenciais em empresas e órgãos públicos. Nas universidades as moças são maioria e sua presença no mercado de trabalho é maciça. E o melhor: hoje é possível conciliar o sucesso profissional, o avanço intelectual e até a chefia de lares ou empresas com a feminilidade, que deixou de ser sinônimo de fraqueza.
Tantos avanços merecem reconhecimento. Daí a importância de iniciativas como o Prêmio Mulheres que Fazem a Diferença, instituído pela Câmara da Mulher da Associação Comercial e Industrial de Florianópolis – a Acif Mulher e que chega agora à segunda edição. A seleção e o reconhecimento a mulheres que desenvolvem trabalhos de destaque nos setores público, empresarial ou do terceiro setor é uma celebração.
*Por Presidente Doreni Caramori Júnior