Palavra originária do latim e que significa, entre outras coisas: “fazer saber, participar, pôr em contato, transmitir…” Em nosso bom português quer dizer comunicar. E o ato ou efeito de comunicar denomina-se comunicação. Valem estas linhas como introdução de um tema sempre atual e, paradoxalmente, sempre falho em nossas relações pessoais e profissionais. Deixando de lado os aspectos da comunicação doméstica (marido e mulher/pais e filhos/mais velhos e mais novos, patroa/empregada) e lembrando que o sucesso do professor em sua faina sacerdotal passa pela forma do saber comunicar o conteúdo programático da sua disciplina, temas para outras conversas interessantes, vamos nos ater à realidade do dia-a-dia das comunicações neste século vinte e um, em plena era da tecnologia. E começamos com um fato recente, quando da visita da presidente (pode também ser presidenta) Dilma Rousseff ao Nordeste, a primeira naquela região em seu novel mandato: por um erro da assessoria de comunicação do Palácio do Planalto, ela proferiu, num discurso, o nome errado de uma das cidades visitadas, fato amplamente divulgado pela imprensa. Desnecessário dizer do clima de constrangimento e do nível (imagina-se) da merecida bronca dada em quem de direito.
Fatos como este são comuns em órgãos públicos, em empresas públicas e privadas, entidades sociais, etc. E se verificam tanto interna como externamente. Em outras palavras, o homem não está sabendo aliar os avançados instrumentos tecnológicos à sua disposição (internet, celular, computador e outros tantos mais) com o seu posicionamento pessoal. Os relacionamentos pessoais estão desaparecendo, o individualismo vai vencendo, o virtual passa a ser o suprassumo de tudo o que existe no planeta. O empresário escravo de seus aparelhinhos, ávido pela supremacia concorrencial e por lucros cada vez mais crescentes e o empregado, mergulhado em sua estação de trabalho, ligado ao cumprimento de metas cada vez mais desafiadoras (às vezes sobre-humanas), não vêem a ação inexorável do tempo que não dá trégua em seu rumo de encerramento do ciclo da vida produtiva de todos os seres humanos.
Criados para vivermos em comunidade, ou seja, para nos comunicar com os nossos semelhantes, buscando uma sociedade mais justa e mais fraterna, nos esquecemos da importância de um abraço, da alegria de um “bom-dia!” e, acima de tudo, do relacionamento pessoal, do ”ver“ e “sentir” outra pessoa, o que, inclusive, serve para resolver mais facilmente problemas para os quais as “maquininhas” são insensíveis. E a dependência à máquina, deixando o cérebro cada vez mais amorfo, já está motivando empresas a buscarem no mercado de trabalho, como requisito básico de contratação, pessoas que “pensem”.
Talvez a assessoria presidencial pudesse ter evitado a gafe ocorrida na fala presidencial no Nordeste. Uma palavrinha entre aqueles encarregados da listagem dos nomes das cidades, ainda em Brasília, poderia ter evitado a cena vexatória.
O uso da tecnologia trouxe grandes avanços para o bem- estar da Humanidade. Mas aliada à inteligência, à liberdade, ao domínio da soberania do homem. Nunca ao contrário.
*Mauro Fiuza é economista, professor universitário, jornalista e palestrante.