No mês de junho, O Brasil vai sediar a Eco-92 Conferência das Nações Unidas para o desenvolvimento Sustentável na cidade do Rio de Janeiro em comemoração ao dia internacional do meio ambiente. Este encontro vai reunir mais de 100 chefes de estado para discutir a economia verde e a possibilidade de um novo modelo de desenvolvimento sustentável para o planeta. Além disso, as delegações farão uma análise do que foi realizado nos últimos 20 anos, em respeito ao meio ambiente e à erradicação da miséria, a partir das decisões tomadas na Rio 92 (Eco 92).
Uma das questões mais importantes em pauta é sem dúvida a equação que, a cada dia que passa fica mais difícil de resolver, e diz respeito aos impactos ambientais gerados a partir da geração de riquezas, única forma possível de conseguirmos viver com saúde e talvez um dia erradicar a pobreza.
A novidade é que muitos mitos estão sendo derrubados com as novas descobertas da ciência. Assim o conceito do slogan, “Atuação responsável” tem que ser atualizado, mesmo que possa parecer diferente daquilo que virou consenso na “boca do povo”. Quando poderíamos pensar que a embalagem plástica no lugar certo, como aquela que protege um cacho de banana viria a ser defendida pelos ambientalistas mais atuantes e atualizados? Isto mesmo, as embalagens são os vilões dos lixões. Mas por outro lado, elas ajudam a evitar o desperdício de alimentos. No Brasil 1/3 da comida vai pro lixo, muitas florestas poderiam evitar de ser degradadas para a produção destes alimentos se todos eles fossem aproveitados. Segundo a Cucumber Growers Association, a perda de uvas embaladas é 20% menor, a de maçã é 27% menor, e o peixe em lata? Parece tão inadequado… mas nunca fizemos a conta de quanta energia ele economiza não precisando de refrigeração! Na questão da geração de energia, as opções ficam cada vez menores, nem a energia eólica, classificada como energia limpa, fica de fora da turma de vilões, 270 mil pássaros morrem a cada ano abatidos pelas pás dos geradores, segundo a revista super interessante.
Como podemos abrigar e alimentar todos nós, sem ter madeira para construir casas , escolas, hospitais se não plantarmos árvores que tenham crescimento rápido e que ocupem pouco espaço na sua produção? A conta deve ser a seguinte: para que uma floresta nativa possa ter garantia de sobrevivência, quantos metros quadrados devem ser plantados de eucalipto ou pinus no Brasil? Esta é a matemática que todos nós vamos ter que aprender a calcular.
Nem ecochatos, nem ecocéticos, não existem verdades absolutas. O desafio do ambientalista atualizado é ser funcional, atuar com responsabilidade no processo todo, inclusive naquela parte que ninguém encontrou ainda outra solução melhor, porque o mudo não pode parar e não podemos cruzar os braços assistindo a falta de opção e de oportunidades assolando a vida dos menos desenvolvidos. Temos que preservar o Planeta atendendo as necessidades básicas de cada um dos povos, que se bem educados, alimentados e com saúde, vão sim, respeitar o próximo e o meio ambiente, não dá mais para brincar de “esconde esconde” com a realidade. Sem geração de riqueza não vamos a lugar nenhum.
*Por Diretora de meio ambiente da ACIF, Jane Pilotto