Elevar a competitividade das empresas associadas e tornar mais simples fazer negócios em Floripa. Essas são algumas das marcas deixadas por Rodrigo Rossoni, presidente da Associação Empresarial de Florianópolis (ACIF), que faz um balanço sobre seus quatro anos e meio à frente da centenária instituição.
Seu mandato começou em 2019 e termina em 15 de maio de 2023, no 108º aniversário da entidade. O empresário conta sobre sua liderança e as iniciativas que implementou durante sua gestão, destacando o processo de formação de mais de 700 líderes empresariais, através do Programa LiderACIF.
Rossoni também compartilha suas percepções sobre as contribuições da ACIF para o desenvolvimento econômico da região, incluindo os esforços da entidade para tornar mais atrativo fazer negócios em Floripa e elevar a competitividade das empresas associadas. O impacto da pandemia na economia local e o estado atual do ambiente de negócios em Florianópolis e Santa Catarina também são destaques na entrevista, confira:
1 – O lema “pulsar e prosperar Florianópolis e Santa Catarina” foi uma de suas bandeiras durante os últimos anos. Como você avalia a contribuição da ACIF neste sentido?
Trabalhamos muito na relação com as regiões e os diversos segmentos econômicos da cidade. Atuamos – através do trabalho dos 26 Núcleos da ACIF, regionais, voluntários e colaboradores – com melhorias do ambiente de negócios para facilitar a vida do empreendedor em cada região.
Destaco o projeto Estreitar, no Continente, que foi o início dos nossos Distritos Criativos, onde demos um impulso para economia criativa na região. Na Lagoa, participamos ativamente de conversas e articulações com a Associação de Moradores para melhorar a mobilidade urbana e a qualidade de vida no bairro, que precisa de atenção e de um planejamento especial.
Nos Ingleses e Canasvieiras, Lagoa e Sul, as ações do Festival Viva Floripa se consolidaram como um dos maiores eventos da cidade. Foram mais de cem atrações, com a participação de mais de 350 empresas locais, impactando milhares de pessoas.
No Sul e no Norte da Ilha renovamos nossas regionais, criando locais em conjunto com parceiros na construção de um ecossistema para os empresários da região. No Centro, priorizamos ações de valorização do comércio e retomamos com a Via Amiga do Ciclista, em trabalho conjunto com a Prefeitura.
Um destaque importante neste sentido foi o investimento na área da Segurança Pública com a entrega do novo 21º Batalhão de Polícia Militar, unidade responsável pelo policiamento na região Norte da Ilha, em 2021.
Já quando falamos em tecnologia, ainda em 2019, a ACIF pressionou por nova legislação para garantir a infraestrutura para trazer a tecnologia 5G para a Capital, o que foi implantado em 2021.
Também participamos de missões internacionais com o propósito de aprender como as smart cities usam tecnologia para melhorar a qualidade de vida de seus habitantes. Visitamos polos considerados referências em smart cities para entender como Florianópolis pode se beneficiar dessa transformação, abrindo caminhos para a criação de novos ecossistemas.
2 – Quais as principais ações da ACIF nos últimos quatro anos para o desenvolvimento econômico de Florianópolis?
No primeiro ano da nossa gestão, nos dedicamos muito a trabalhar na questão da desburocratização, para que pudesse destravar e tornar mais simples fazer negócios em Florianópolis. Articulamos junto à Prefeitura na implementação da Lei da Liberdade Econômica em Florianópolis. Também apoiamos a Prefeitura na simplificação dos processos de aberturas de empresas na cidade, e a partir daí, conseguimos ver um ciclo de melhorias e avanços para quem empreende na nossa cidade.
Uma pauta muito debatida pelas associações empresariais de Santa Catarina durante o ano de 2021, foi a Reforma da Previdência de Santa Catarina. Lutamos junto à Alesc (Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina) para que houvesse a aprovação da PEC. A aprovação da reforma da previdência de Santa Catarina foi uma vitória para o setor produtivo e para a população em geral.
Outro momento histórico foi a redução do ICMS dos alimentos onde participamos de uma ação coletiva com a Abrasel – Associação Brasileira de Bares e Restaurantes, que resultou em uma importante conquista para o setor, corrigindo uma injustiça tributária ao equiparar a carga de ICMS dos alimentos .
A ACIF também foi protagonista no debate sobre o direito à justiça gratuita, sendo a primeira entidade a ingressar na qualidade de amicus curiae no Incidentes de Resolução de Demandas Repetitivas (IRDR) instaurado pelo Tribunal.
3 – Um dos principais desafios durante sua gestão foi o enfrentamento da pandemia. Como você avalia as ações da ACIF neste período para apoiar associados e o ambiente de negócios da região naquele momento?
Quando assumimos, nós não esperávamos que além de apoiar as empresas, teríamos que lutar pelo salvamento das mesmas, e também, de muitas vidas. Atuamos fortemente na pandemia, com um destaque para o Pacto Floripa que foi um planejamento da retomada do desenvolvimento econômico no momento crítico em que estávamos com empresas fechadas, diversos setores econômicos afetados, em especial o turismo e eventos.
As estratégias desenvolvidas pelo Pacto foram fundamentais para que Florianópolis atingisse a marca de ser a maior geradora de empregos em Santa Catarina nos anos de 2021 e 2022. Aqui destaco o trabalho do nosso Núcleo de Educação Empresarial, que criou um grupo de empresários do setor educacional buscando fortalecer o mercado criando oportunidades para aumentar o índice de formação profissional da região, especialmente no pós-pandemia.
Também lançamos o ACIF Cred Emergencial para os associados e iniciamos o Movimento Reage SC, cujo objetivo foi reunir mais de 100 entidades empresariais de SC para discutir medidas de isolamento impostas pelo governo e as ações necessárias para mitigar os impactos nas empresas e na economia.
A ACIF liderou o projeto “Äliança pela Vida”, criado com apoio de um grupo de entidades e empresas num dos mais graves picos da pandemia na região, com foco de orientar as pessoas que apresentavam os sintomas da Covid-19, desafogando o atendimento presencial às unidades de saúde e evitando o agravamento da doença, assim como a necessidade de internação em leito de UTI. Foram atendidos pelo projeto 6.800 pessoas.
4 – Qual é a sua avaliação sobre o ambiente de negócios em Florianópolis e em Santa Catarina como um todo, e quais são as perspectivas para o futuro próximo?
O ambiente de negócios em Florianópolis avançou, já está melhor do que esteve anos atrás, mas ainda precisa – e pode – avançar mais. Um dos fatores ligados para que isso possa acontecer é a segurança jurídica e o próprio Plano Diretor. O ambiente de negócios passa pelo plano diretor e o PD teve nossa atenção total. Criamos a Diretoria Externa do Desenvolvimento Urbano e tivemos participação efetiva nas reuniões do Conselho da cidade e em todas as audiências públicas sobre o Plano Diretor.
Participamos também de oficinas práticas com as comunidades da Lagoa, Campeche e Ingleses para as discussões do Plano Diretor. Conduzimos reuniões de trabalho com profissionais técnicos da área para revisão do plano diretor, além de promover a vinda de Alain Bertaud, urbanista renomado para eventos e conexões em Florianópolis.
Tínhamos como meta fazer a tramitação e a conclusão sem emendas, o que mostrou a importância de ter um diálogo com a sociedade durante a preparação do plano, isso vai favorecer o ambiente daqui para frente. Florianópolis tem tudo para se tornar uma cidade cada vez melhor para se viver e para empreender.
4 – Durante sua gestão, a ACIF teve alguma iniciativa ou projeto que considera como seu principal legado? E quais são seus planos para o futuro após deixar o cargo?
Uma das nossas maiores contribuições para o futuro da entidade é a formação e mapeamento de lideranças. Nós colocamos em processo de acompanhamento de formação mais de 700 líderes empresariais, o que é um diferença brutal para o futuro da entidade. Ter a capacidade de formar novos líderes é um legado que vem sendo construído pelas gerações da ACIF, mas na minha gestão posso dizer que tivemos uma grande preocupação com isso.
Também na nossa gestão tivemos impactos importantes em diversas áreas. A própria cultura da ACIF se fortaleceu. Colocamos muito fortemente nossos princípios, valores e propósito, de uma maneira muito clara, com isso a comunicação evoluiu para que as pessoas pudessem conhecer ainda mais a ACIF.
Fortalecemos o portfólio de saúde que a ACIF oferece aos associados, através da ACIF Saúde Empresarial oferecendo diversos serviços e iniciativas em saúde e bem-estar das empresas e das famílias . Destaco ainda o trabalho desenvolvido pela Câmara de Mediação e Arbitragem ACIF – CMAA, uma solução para que o empreendedor consiga resolver conflitos contratuais com menos burocracia, maior rapidez e melhor custo-benefício.
Quanto aos planos pessoais, neste momento pretendo focar energia nas empresas que sou responsável e na minha família. Não deixarei de ser associativista e estarei no Conselho Superior da ACIF, me colocando à disposição da entidade para os desafios que forem demandados.
5 – Qual sentimento que fica após ter ocupado o cargo de presidência em uma instituição centenária tão importante para Florianópolis e Santa Catarina, como a ACIF?
Sinto-me profundamente grato pelo privilégio de ter ocupado a presidência de uma instituição tão importante para Florianópolis e Santa Catarina. É uma honra ter sido confiado com a tarefa de liderar uma entidade tão respeitada e com uma história tão rica e significativa.
O sentimento que fica é de gratidão. Estou grato por ter tido a oportunidade de trabalhar com uma diretoria engajada, um conselho superior e fiscal comprometido, e por ter contado com a confiança de nossos associados e colaboradores.
Foi uma grande responsabilidade levar adiante o legado de tantas gerações que já passaram por lá. Sinto que cumpri minha missão e contribuí para que a entidade continue a prosperar e cumpra seu papel como importante agente de desenvolvimento econômico da região. Guardarei para sempre em meu coração um carinho enorme por tudo que vivenciei na ACIF e por todos que fizeram parte dessa jornada. Foi uma experiência enriquecedora que levarei comigo para o resto da vida.