Em 1983, a revista Time publicou um artigo chamado “The New Economy”, que descrevia a transição da indústria pesada para uma nova economia baseada em prestação de serviços. Essa perspectiva ganhou o apoio de vários analistas ao longo dos anos seguintes: muitos deles acreditavam que esse modelo permitiria um crescimento constante e seria relativamente imune a crises macroeconômicas, o que foi refutado pela recessão de 2001.
Uma consequência interessante desse período foi o investimento nas chamadas “empresas ponto com” – companhias de tecnologia da informação que usavam a internet como ponto de partida para os seus negócios. Ainda que essa súbita valorização tenha gerado uma bolha especulativa que eventualmente estourou, a rede se apresentou como um meio interessante para o desenvolvimento de novos modelos de negócios.
Economia disruptiva
Hoje, vivemos na era da economia disruptiva. Vários setores passam por um período de transição, em que precisam romper com antigos modelos para atender às demandas dos consumidores. Além dessa necessidade de reinvenção, muitas empresas ainda precisam enfrentar outros desafios para que se mantenham firmes em suas áreas de atuação, como o comportamento do Estado frente às transformações e o avanço dos concorrentes.
Um caso emblemático é o do Uber. O aplicativo de origem norte-americana chegou ao Brasil em 2011 e, desde então, compete com os serviços de táxi dos principais centros urbanos do país pela hegemonia no segmento de transportes privados. Sua atuação gera um grande descontentamento entre os taxistas, que precisam enfrentar uma grande burocracia para conseguir suas licenças e arcar com pesados custos para que possam trabalhar.
Mas as inovações que transformaram o Uber em um negócio altamente lucrativo vão além do simples fato de que o aplicativo oferece um serviço de transporte privado por valores mais acessíveis do que os dos taxistas que conhecemos. Tanto ele quanto gigantes de outros segmentos trabalham com o conceito de “marketplace” – ou seja, um ambiente que aproxima fornecedores e compradores de determinados produtos ou serviços.
“O principal impacto causado por empresas como Uber, Aliexpress e Airbnb é uma mudança na forma de ver os negócios. Até pouco tempo atrás, companhias que gostariam de atuar em quaisquer um desses segmentos precisariam inicialmente pensar em investir em veículos, estoques ou imóveis. Hoje, isso não é mais necessário. Basta ter criatividade”, avalia Marcus José Rocha, diretor de tecnologia e inovação da ACIF.
A influência da tecnologia
Nos três casos, a criação de um marketplace só foi possível graças à popularização do acesso à internet e aos dispositivos móveis, principalmente notebooks, tablets e smartphones. O sucesso de companhias como o Uber mostra que a adoção de tecnologias pelas empresas permite aumentar a eficiência de processos internos, melhorar a qualidade dos serviços e facilitar a criação de novas formas de fazer negócios.
Para os clientes, o uso de dispositivos móveis traz um maior poder de informação na hora de escolher os melhores fornecedores de acordo com suas necessidades de consumo. Mas esse cenário exige que as empresas se adaptem rapidamente, incorporando às suas operações as tecnologias e os meios de comunicação utilizados pelo público. Nesse sentido, o grande desafio é se antecipar às novas tendências.
E a crise?
Para Rocha, é preciso tomar cuidado com generalizações quando se pensa na internet como uma opção para driblar a crise econômica. “O e-commerce é um meio de realizar vendas que vêm crescendo ano após ano, mesmo com a crise. Porém, há uma concentração muito grande do faturamento desse setor aqui no Brasil em poucas companhias. As empresas de pequeno porte ainda ficavam à margem desse fenômeno até pouco tempo atrás”, lembra.
Em nosso país, mudanças começaram a acontecer justamente a partir do momento em que as grandes as gigantes do e-commerce perceberam que também podiam servir como marketplaces para outras empresas, principalmente as de pequeno porte. Atualmente, microempreendedores podem vender seus produtos nas lojas virtuais de algumas das maiores redes varejistas nacionais.
Outro ponto destacado por Rocha é que as soluções que determinados tipos de empresas devem adotar para tentar superar suas dificuldades em meio à crise econômica não passam exclusivamente pela internet. “O importante é perceber como o uso de tecnologia pode impulsionar negócios, seja de maneira virtual ou até mesmo para facilitar a experiência de compra em lojas físicas”, conclui.
Para saber de que forma sua empresa pode atuar nesta tendência econômica, diversos projetos de orientação e capacitação são oferecidos pela ACIF. Acesse a página de serviços e núcleos empresariais para conhecer algumas opções.
*Matéria transcrita da Revista Capital Líder.