Florianópolis abre o calendário das festas de outubro em Santa Catarina, comemorando um marco na história dos eventos da cidade. A Festa Nacional da Ostra e da Cultura Açoriana está completando 10 anos como importante vitrine para a maricultura local. De 7 a 12 de outubro, no Centrosul, o público vai poder conferir concursos, seminário e exposições; degustar os sabores da gastronomia regional; e se divertir com mais de 50 atrações culturais, incluindo os shows nacionais com Zélia Duncan, Fábio Júnior e grupo Nenhum de Nós.
A 10ª edição do evento traz mudanças na programação e boas notícias para os apreciadores do molusco em todo o Brasil. Marca também o retorno da organização da festa ao órgão que a criou – o Instituto de Geração de Oportunidades de Florianópolis (IGEOF) – após dois anos sob o comando da Secretaria Municipal de Turismo (SETUR). A medida atende ao pedido das entidades que atuam no setor produtivo, e que consideram o evento uma eficiente ferramenta de marketing para promoção da maricultura catarinense, responsável por 95% da produção de moluscos do país. "Vamos fazer desta edição a melhor que já foi realizada na última década", garante o superintendente do IGEOF, Edson Lemos, coordenador geral da festa.
Um cardápio de atrações
Durante a Fenaostra, os portões no Centrosul serão abertos às 17 horas, nos dias úteis, com ingressos custando R$ 5. Nos sábados e domingos, a entrada será gratuita das 11h às 17h e, após esse horário, custará R$ 5. Além disso, nos dias com atrações nacionais, os visitantes vão pagar um valor adicional de R$ 5 para ter acesso ao pavilhão de shows. Idosos acima de 65 anos e crianças de até 10 anos terão entrada livre na festa.
No salão de gastronomia, o público vai poder desfrutar a variedade de sabores oferecida pelos 16 restaurantes coordenados pela Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel/SC). O espaço terá como novidade este ano a participação das associações de produtores, divulgando receitas com ostras e mexilhões, e uma decoração cênica especial retratando o verão de Florianópolis, com destaque para o mar e seus produtos. O pavilhão também contará com o projeto acústico "Pérola da Arte", que pretende divulgar o trabalho de artistas locais, num palco em forma de concha.
Já os concursos de gastronomia, um dos diferenciais de Florianópolis em relação a outras festas de outubro no estado, voltam a ser coordenados pela Associação Brasileira de Alta Gastronomia (Abaga), que vai trazer para o evento estrelas da cozinha brasileira e internacional. As principais escolas de gastronomia do estado já confirmaram participação nas disputas e nos workshops, que terão a ostra como ingrediente principal das receitas.
Outra inovação, em 2008, é a criação de um pavilhão especial para abrigar a exposição sobre o escritor e aviador francês Antoine Saint Exupéry – que vai integrar as comemorações do Ano da França no Brasil, em 2009. A mostra homenageia também o país europeu que há cinco anos apóia a festa de Florianópolis, recebendo os vencedores dos concursos gastronômicos para estágios internacionais em Versailles e La Rochelle.
Durante a 10ª Fenaostra, os apreciadores do molusco em todo o Brasil vão receber boas notícias. As novidades serão divulgadas no seminário técnico dirigido aos maricultores e profissionais da cadeia produtiva. O evento, que pela primeira vez vai ser organizado pelas entidades do Arranjo Produtivo Local (APL) das Ostras da Grande Florianópolis, irá apresentar as ações em implantação no setor, destacando Santa Catarina como o primeiro estado do Brasil a adotá-las. É o caso do monitoramento das águas nas áreas de cultivo, que vai garantir mais segurança alimentar ao consumidor, e os programas de certificação da qualidade da ostra da Grande Florianópolis, que vão avalizar o nível de excelência do produto catarinense, dando à ostra um status de grife.
A festa terá ainda novidades na estrutura dos shows nacionais e na feira de artesanato, que terá 72 estandes mostrando trabalhos em madeira, palha de bananeira, argila, peças feitas em renda, conchas de ostras e mexilhões, entre outros produtos do mar.
Festa Nacional da Ostra e da Cultura Açoriana (Fenaostra)
7 a 12 de outubro de 2008 – Centrosul
Abertura dos portões: A partir das 17h nos dias úteis
A partir das 11h no final de semana e feriado
Ingressos: R$ 5,00 (nos dias úteis, final de semana e feriado) após 17h
R$ 5,00 (para acesso ao pavilhão C – em dias de show nacional)
Gratuidade: Crianças de até 10 anos e idosos acima de 65 anos não pagam
Informações: (48) 3251-6040
www.pmf.sc.gov.br/fenaostra
Festa tem a "cara da cidade"
Com uma natureza exuberante, composta de dunas, morros, mangues, encostas, lagoas e baías de águas calmas, Florianópolis é um dos principais destinos turísticos do Brasil, especialmente no verão. Vencer a sazonalidade sempre foi um desafio para a cidade, que apostou no segmento de negócios e eventos para movimentar a economia local o ano inteiro. Porém, mesmo recebendo um número maior de feiras e congressos a cada ano, a capital catarinense demorou a ter uma festa identificada com o município.
No início da década de 1990, a Prefeitura de Florianópolis investiu em várias promoções para divulgar a gastronomia local e valorizar a cultura de base açoriana, gerando também opções de trabalho para os moradores e entretenimento para os turistas. De 1993 a 1997, surgiram a Florifesta, a Expo-Ilha e, posteriormente, o Festival do Mar, além de outros eventos. Mas nenhum deles sobreviveu a mais que quatro edições.
Em 1991, a maricultura iniciava sua fase comercial, mas ainda era uma atividade desconhecida na cidade. "As pessoas não sabiam nada sobre a ostra de cultivo. Só comiam a espécie nativa e, mesmo assim com poucas variações de cardápio. O consumo era feito in natura, ou ao bafo, cozida no vapor", conta o engenheiro agrônomo da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural (EPAGRI/SC), Alex Alves dos Santos.
O fracasso de festas anteriores, a percepção de que os moradores ignoravam o molusco cultivado e a necessidade de abrir mercado para o produto, garantindo o futuro da atividade, motivaram a criação de um evento para divulgar o consumo da ostra Ao mesmo tempo, a promoção colocaria Florianópolis no roteiro das Festas de Outubro, já que não havia uma festa do gênero na cidade, apesar de contar com um centro de convenções desde 1996. Surgiu a Fenaostra, em 1999, promovida pelo Escritório Municipal de Agropecuária Pesca e Abastecimento (EMAPA) – atual IGEOF – e EPAGRI/SC.
Como um dos idealizadores do projeto, Alex dos Santos, destaca que a festa foi fundamental para projetar a ostra de Florianópolis em nível nacional, tanto por conta das variadas receitas criadas pelos restaurantes participantes do evento, como pelo ineditismo dos concursos gastronômicos. "Eles ajudaram a criar uma cultura voltada para o consumo do molusco porque atingem os chefs de cozinha, que são os profissionais que levam o produto para os restaurantes e, portanto, para o consumidor", explica.
Os números comprovam a força do evento como ferramenta de marketing. De 1991 a 1998, a safra de ostra em Florianópolis nunca havia superado as 100 toneladas/ano. Após a primeira edição da Fenaostra, a produção saltou para 505 toneladas, crescimento alavancado pelo aumento no consumo. Os resultados animadores no setor levaram a festa a ser eleita nacionalmente como o "melhor evento promocional do ano", em 2003, conquistando o prêmio Caio, um dos mais conceituados do país.
Para o técnico da EPAGRI/SC, a Fenaostra não só contribuiu para abrir mercado para os produtores, como também para dar visibilidade ao molusco catarinense, que conquistou destaque na mídia e até em novelas de televisão como um alimento benéfico à saúde e ao meio ambiente, combinando com o perfil da cidade. "Tanto é verdade, que agora a ostra foi escolhida como referência para um selo de indicação geográfica para Santa Catarina, o único do estado no Brasil. Um dos pré-requisitos para isso é o reconhecimento de que o produto tem credibilidade e projeção nacional", justifica Santos.