Dia 06 de Outubro, aconteceu no auditório da ACM, a Palestra de Fernando Henrique Cardoso, com o tema: “Para onde caminha o Brasil”, que contou com a participação de duas mil pessoas. O ilustre visitante começou suas palavras dizendo que nem se lembrava, mas já morou em Florianópolis quando universitário, há 56 anos. Brincou já de início referindo-se ao tema de sua palestra, quando disse “Sabe Deus para onde vamos!!”. Fez um relato da política mundial, dizendo que o mundo, nestes últimos 20 anos sofreu severas modificações. O mundo se integrou, mas não se sabe para onde. Falou que as massas populacionais se deslocarão em direção à Asia. Podemos calcular o risco, mas a incerteza não. Referindo-se à ONU, disse que ela foi convivendo com as grandes transformações, mas não soube segurar a onda.
O mundo está em crise capitalista por causa da rapidez da informação. Falhou na política fiscal e acertou na política da economia, mais precisamente dos Bancos. Referindo-se agora ao Brasil, disse que nosso País está aflito porque a inflação está passando dos 4.5 e pode chegar até seis, contrariando as previsões das autoridades monetárias. O que ainda temos de muito bom no Brasil é a nossa liberdade, a democracia. A abertura da nossa economia, ao mesmo tempo em que é bom, pode nos prejudicar mais adiante. Criticou levemente a imprensa, dizendo ser muito rigorosa, mas que ele sempre se deu bem com ela e que acha que assim mesmo é que é bom. Relembrou o caso das teles, dizendo que isto foi muito bom, pois assim hoje temos até internet de boa qualidade. Acha que o aumento do salário médio desde 1993 recuperou o poder de compra do brasileiro. Não temos uma visão estratégica para saber para onde vamos. Temos que ter um papel efetivo no mundo que se diz globalizado, mas nem tanto. Temos que ter posições mais claras e que não adianta sair atirando por todos os lados.
Assim como o Brasil tem terceiro mundo (algumas regiões), a China e os EU também, exceto a Europa. Precisamos de bom relacionamento com a China porque eles sabem tudo sobre nós e nós muito pouco sobre eles. Inovação é tudo. As crianças sabem mais que os pais. Os alunos brasileiros precisam ter vez e voz. Primeiro mundo não é fazer crescer o PIB, mas fazer crescer as pessoas. Não devemos pensar em quantidade, mas sim em qualidade.
*Por Conselheiro Valter da Luz