Confira a matéria vencedora na categoria “Webjornalismo”: Segundo avaliação dos catarinenses, primeiro semestre de 2012 deve ser difícil do Jornalista Diego Souza:
Em 2011, notícias boas e ruins passaram pelos jornais do país. O Brasil desbancou o Reino Unido e se tornou a sexta maior economia do mundo, as chuvas prejudicaram o Estado em diversos aspectos, a crise internacional está passando sem muito impacto pelo solo brasileiro, mas o momento ainda é de muitas dúvidas.
Por isso, o Portal Economia SC conversou com personalidades de diversos setores para conhecer quais as perspectivas para 2012. Os assuntos abordados são indústria, comércio, investimentos pessoais, economia nacional.
Glauco José Côrte – Presidente da Federação da Indústrias de Santa Catarina (Fiesc)
O ano que termina não foi fácil para a indústria catarinense, que viu a produção recuar 4,4% e as vendas ficare0m praticamente estagnadas, com alta de 0,7% até outubro (último dado disponível). O desempenho positivo ficou por conta do emprego, que cresceu 4,2% na indústria da transformação e 15,9% na indústria da construção civil.
As exportações também registraram resultado positivo, com elevação de 20,2%, contudo, as importações cresceram num ritmo superior e alcançaram 24,9% até novembro. O saldo da balança comercial de Santa Catarina acumula déficit de US$ 5,25 bilhões.
“A efetiva execução dos planos de investimento do governo em obras de infraestrutura e uma melhora no ritmo dos trabalhos voltados à preparação do País para a Copa e Olimpíadas serão questões decisivas para que o Brasil possa manter em 2012 pelo menos um nível de crescimento em patamar semelhante ao observado em 2011. Além disso, as medidas governamentais de estímulo à economia para enfrentar o cenário de crise internacional serão fundamentais, considerando o agravamento da crise na Europa e a perspectiva de baixo crescimento nos Estados Unidos”, afirma o presidente da Fiesc, Glauco José Côrte.
Segundo estimativas da Confederação Nacional da Indústria (CNI) o setor não deve puxar o crescimento em 2012 e iniciará o ano num cenário de crescimento econômico moderado, com estimativa de 3% para o PIB brasileiro e de 2,3% para o industrial. Para Côrte, as melhores oportunidades ainda serão criadas através da inovação.
Jorge Barbato Neto – JB3 Assessoria de Investimentos
Em relação aos investimentos, o primeiro semestre do próximo ano ainda promete bastante turbulência nas bolsas ao redor do mundo, segundo Neto. Portanto, 2012 não deve ser um bom momento para o mercado acionário. Para aqueles que estão fora da Bolsa, o mais sensato é preparar-se para no momento certo começar a comprar, a preços muito atrativos.
Já aqueles que estão posicionados e investem a longo prazo, a ideia é fazer um preço médio comprando ações a preços baixos. Além disso, nossa renda fixa é muito convidativa já que ainda temos uma taxa de juros consideravelmente alta.
Segundo o especialista, setores que independem do aquecimento da economia internacional são mais favorecidos em momentos de crise. As empresas que exploram o consumo interno, que não param de crescer com o aumento gradativo do poder aquisitivo da população, tendem a ter um desempenho acima da média do mercado.
As empresas boas pagadoras de dividendos também são ótimas opções em momentos de incerteza, pois, de certa maneira, elas apresentam um desempenho avantajado em relação ao restante do mercado.
“2012 promete grandes emoções, sobretudo no primeiro semestre com o desenrolar da crise na zona do euro. No entanto quem estiver preparado poderá estar diante de grandes oportunidades no mercado financeiro. Depois da tempestade sempre vem a bonança”, cita
Jorge Barbato Neto.
Álvaro da Luz, economista chefe da Somma Investimentos
O primeiro semestre de 2012, segundo Álvaro da Luz, poderá ser muito ruim economicamente. O comércio deve ser contaminado. Já no segundo semestre, o cenário é mais otimista. O desempenho do Brasil deve melhorar ainda mais em 2013, com taxa de crescimento entre 5 % e 6%, devido a baixa taxa de juros. “Infelizmente estamos na segunda pernada da crise de 2008”, afirma.
A melhor maneira de se proteger é preservar o caixa, tirar o pé dos investimentos neste momento. A hora é adequada para aproveitar a compra de insumos, que estão muito mais baratos, afirma Luz, que também acredita que 2012 será um ano que a taxa de desemprego será maior.
O governo está agindo de forma acertada na economia, através da política contra ciclo. Quando há um período ruim, ele tenta incentivar o mercado baixando juros, baixando imposto e aumentando os gastos. Assim como aconteceu em 2009, ele vai impulsionar a economia para que a gente possa ter um crescimento. Esta estratégia é boa, segundo ele.
“O governo escorrega um pouco quando ele tenta diferenciar produto importado do nacional na questão tributária, isso pode gerar uma demanda na OMC (Organização Mundial do Comércio) que causaria constrangimento (protecionismo) de maior grau para economia brasileira”, alerta o economista.
O melhor investimento para classe C, na opinião do Álvaro, é reduzir o endividamento porque o desemprego pode aumentar e isso afeta diretamente as classes mais baixas.
Bruno Breithaupt – Presidente da Fecomércio SC
Santa Catarina é o terceiro estado em geração de emprego e este resultado deve se manter ao longo de 2012, mas isso só teremos certeza a partir do segundo semestre. Até junho, o País vai sofrer algumas medidas de restrição de crédito que farão com que o consumo caia.
Algumas regiões como Joinville e Lages apresentaram redução nas vendas de Natal. “Os comerciantes não estão satisfeitos com o comercio em dezembro. Já o setor de supermercados manteve o bom desempenho. Infelizmente, o início do ano tem deve continuar com movimento fraco devido ao alto gasto das famílias com escola e quitação das dívidas”, acerta Bruno.
A completa recuperação, segundo o presidente da Fecomércio do Estado, deve acontecer a partir de setembro, se não ocorrer nenhum imprevisto. “O aumento do salário mínimo vai ser muito benéfico para o mercado”, conclui Breithaupt.