A contratação de um novo colaborador é uma escolha, entre tantos currículos, entre tantas pessoas entrevistadas, recomendações, endorsements no Linkedin, formações acadêmicas, etc. Uma escolha trabalhosa, feita com atenção e profissionalismo. E assim como tudo na vida, abrimos uma porta e deixamos outras para trás. Porta escolhida, o melhor a fazer é investir para que essa nova relação que se inicia tenha um caminho promissor.
Em muitos momentos pude presenciar de líderes de equipe, o seu desapontamento com a alta rotatividade dos colaboradores, por falta de engajamento e principalmente por uma postura inadequada do novo contratado. Muitas vezes soube de colaboradores sendo dispensados logo no primeiro mês de trabalho, por não terem a postura ou o comprometimento esperados. E na busca de mais detalhes sobre esses casos pude ver que em momento algum foi dito o que era esperado.
Assim como nos parece completamente absurdo exigir que um brasileiro de passagem pela Rússia, quando ouvir o chamado para partir em uma excursão corra para sentar no sofá por alguns minutos (um costume local para tirar a má sorte), pois ele pode simplesmente desconhecer esse hábito, me parece igualmente absurdo exigir uma determinada postura de um novo colaborador sem nunca ter lhe contado qual seria…
Trabalho com Educação Corporativa e entendo que ela não abrange apenas os workshops e treinamentos formais que são disponibilizados. Educação Corporativa engloba toda e qualquer comunicação e ação que busque a formação profissional, engajamento e crie cultura corporativa. E tudo isso começa no dia da contratação, que muitas vezes até antecede o primeiro dia de trabalho.
Uma dica simples para começar a mudar os resultados de novas contratações é o que chamamos de Welcome Pack Kit, que pode ser um folheto, um vídeo, uma conversa, ou tudo junto e misturado.
A ideia aqui é dar uma visão completa da organização, seu propósito, a importância do papel do novo colaborador nesta engrenagem, qual a forma de atuação da empresa, quem tem qual chapéu, qual a hierarquia ou a não hierarquia, e assim por diante. Desta forma ele terá uma boa ideia de como a empresa funciona e qual a postura esperada.
Importante ir além e dar um guia prático de benefícios (alimentação, transporte, plano de saúde, etc) e regras, com horários, o que pode, o que não pode, como atender o cliente, se existem reuniões periódicas, etc. Como um estatuto de um clube que diz quem pode usar a quadra de tênis, com quem se reserva, por quantas horas, etc. Esse guia pode inclusive ter um “visto” do novo colaborador, garantindo assim que ele tenha realmente recebido sua cópia e esteja ciente de todas essas informações.
Enquanto as empresas não atuam como a de Ricardo Semler (clique e veja o vídeo inspirador no TEDTalks), e convidam a um test drive de uma semana para ver se é o que as partes esperam desta nova parceria, um bom Welcome Pack pode ir diminuindo alguns ruídos.
Por Nadine Heisler
Nadine é participante do Núcleo de Soluções Empresariais (NUSE) e sócia da Ligamundos Educação e Treinamento que atua no desenvolvimento de planos de educação corporativa e desenvolvimento de conteúdo de educação à distância e presenciais.