Não é de hoje que o consumo exacerbado de recursos naturais vem assustando especialistas.
Segundo relatório da Organização das Nações Unidas (ONU), em 2050 a população mundial chegará a 9,6 bilhões. No ritmo que estamos, seriam necessários três planetas Terra para manter o atual estilo de vida da humanidade até lá.
E uma das metas dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável – ODS para 2030 da ONU é justamente trabalhar de forma a frear o consumo antes que os recursos se esgotem.
Dentro das metas de consumo sustentável, tanto para países desenvolvidos como para os em desenvolvimento, estão a redução do desperdício de alimentos, revisão dos subsídios aos combustíveis fósseis, diminuição da quantidade de resíduos lançados sem tratamento no meio ambiente, entre outras.
Das grandes indústrias às pequenas empresas e população em geral, todos temos responsabilidade sobre a atual situação.
Assim, como resposta a essa urgência, surgem soluções como a economia sustentável, uma nova linha de estudo que repensa a forma como consumimos.
Desde o consumo de água e de luz, até a produção de embalagens, emissão de gás carbônico proveniente da fabricação de produtos e consumo e poluição dos recursos naturais.
Repensar o consumo dos recursos naturais é mais que necessário, é urgente. Continue lendo o artigo para entender o impacto que sua empresa pode gerar quando somada a outras empresas sustentáveis.
O que é a Economia Sustentável
Mas ainda dá tempo de contornar a situação para a qual nos encaminhamos. Com a conscientização ambiental somada à prática da economia sustentável dentro das empresas, essa nova vertente econômica, que leva como base o desenvolvimento sustentável, tem um potencial transformador.
E o que é economia sustentável na prática? Considerando que os recursos são finitos, a economia sustentável é um conjunto de práticas e teorias econômicas que propõe o uso inteligente de recursos naturais.
Diferente da economia tradicional, a economia sustentável considera o consumo a longo prazo e não tem como indicador principal o PIB (Produto Interno Bruto), mas a qualidade de vida aliada a preservação do meio ambiente.
Esse tipo de economia leva em conta as diversas variáveis que implicam na produção, uso e descarte de um produto.
O modelo econômico sustentável, pautado na limitação dos recursos naturais, foi caso de estudo do matemático e economista romeno Georgescu Roegen, hoje considerado fundador da bioeconomia.
O olhar para as limitações da natureza e para os impactos do homem no meio ambiente era algo novo quando Geogerscu levantou a questão. Até então, os economistas nunca se preocuparam com o fator limitante dos recursos naturais.
Com essa visão, uma revolução aconteceu dentro do mundo acadêmico dos economistas e hoje vemos obras como o livro Os Limites do Crescimento (The Limits to Growth), publicado em 1972 e o relatório Nosso Futuro Comum (Brundtland), publicado em 1987, apontando e analisando as consequências do crescimento rápido da população mundial e sua relação com a natureza.
Os impactos de um consumo sem freios
Conforme aponta uma das metas dos ODS, o desperdício de alimentos é uma das maiores problemáticas do consumo deliberado. Com um terço – 1,3 bilhão de toneladas, – a cada ano indo para o lixo sem aproveitamento, equivalendo a cerca de US$ 1 trilhão.
Para isso, a proposta dessa meta é reduzir pela metade o desperdício mundial de alimentos per capita na venda a varejo, revendo nossos hábitos como consumidores e métodos de coleta e transporte, como varejistas e produtores.
Outra meta dos ODS é a gestão sustentável e uso eficiente dos recursos naturais, como a redução de consumo de energia elétrica e adoção de energias renováveis como a energia solar e a eólica.
O impacto do consumo de energia é tão grande que, segundo apontamentos das Nações Unidas, se toda a população mundial usasse lâmpadas de baixo consumo, seria possível economizar US$ 120 bilhões por ano.
Pensar o ciclo de vida de produtos químicos dentro de uma gestão inteligente é outra meta dos ODS que visa contornar a destruição de recursos naturais.
Através de conscientização socioambiental, este Objetivo do Desenvolvimento Sustentável busca incentivar indústrias a gerenciar de forma sustentável seus resíduos e conscientizar os consumidores a reduzir o consumo e reciclar o lixo.
As vantagens da economia sustentável
As vantagens de aplicar as teorias e práticas com base nesse tipo de economia vão além da visibilidade da marca como uma empresa ecológica.
Eficiência define a vertente da economia verde. Segundo o economista Ignacy Sachs, a economia sustentável é definida como um gerenciamento de recursos eficiente que garante crescimento econômico de forma “ambientalmente amigável e socialmente inclusiva”.
Trazer a importância da consciência sustentável para os valores da empresa resulta na revisão dos processos pelos quais os recursos que já existem passam e na forma como impactamos no futuro do planeta.
Por onde começar: Dicas para sua empresa se tornar eco sustentável
É possível que todas as empresas comecem a adotar práticas com base na economia verde. Sejam elas grandes empresas já consolidadas ou pequenas empresas que iniciaram a jornada há pouco tempo.
3 Rs da sustentabilidade
Existem algumas estratégias que podem ser aplicadas a qualquer ramo que, de alguma forma, impacta o consumo de recursos naturais. Uma delas é a dos 3 Rs da sustentabilidade (reduzir, reutilizar e reciclar).
Essa estratégia se encaixa para tudo e pode ser usada para repensar o lixo gerado pela empresa, os processos de transporte e distribuição ou o gerenciamento da logística de estoque.
Compensação ambiental
Uma maneira de repensar a geração de resíduos é através da compensação ambiental, que compensa um impacto ambiental negativo através de ações diretas ou indiretas.
Quando, por algum motivo, não é possível eliminar de vez um processo, ele pode ser adaptado de forma que compensa o dano. É o caso das embalagens, ainda presentes na vida de muitos brasileiros, mas cada vez mais recicláveis ou reutilizáveis.
Conscientização socioambiental e geração de valor
Não dá para negar que o comportamento dos consumidores está mudando. Apesar de ainda não estar no ritmo ideal, aos poucos, o consumo está se tornando mais consciente. 86% dos brasileiros estão preocupados com questões ambientais e afirmam optar por embalagens e produtos sustentáveis, segundo a pesquisa Environment Research, produzida pela Tetra Pak.
Em paralelo às novas práticas aplicadas dentro da empresa, é preciso que haja uma conscientização socioambiental na comunicação com colaboradores, clientes e potenciais clientes.
Assumir a posição de empresa ecologicamente correta engaja os clientes já conscientes e ainda gera valor para aqueles que ainda não foram sensibilizados. Fora a captação de novos clientes somente pelo posicionamento.
Afinal, uma empresa ambientalmente responsável atrai olhares de consumidores que têm essa preocupação como fator chave na hora de comprar.
Repense o descarte de resíduos na sua empresa
Com a consciência ambiental, vem o cuidado com o descarte correto de resíduos prejudiciais ao meio ambiente, a descoberta de novas formas de reaproveitar materiais e a ressignificação do consumo.
Busque projetos de economia compartilhada, participe de iniciativas comunitárias de compostagem, seja ponto de coleta voluntário de projetos de reciclagem e destinação de resíduos.
Procure os programas que já existem na sua cidade e bairro e comece a mudar hábitos dentro e fora da sua empresa.
Conheça o ReÓleo
Programas de reciclagem, como o ReÓleo, iniciativa da Associação Empresarial de Florianópolis – ACIF, que já atua há mais de 20 anos na correta destinação de óleo de cozinha saturado, são mais que uma alternativa.
Como já vimos, a preocupação com a preservação dos recursos naturais é urgente e o descarte de materiais prejudiciais ao solo e lençóis freáticos é um ponto sobre o qual todos temos responsabilidade.
O Programa ReÓleo trabalha com a coleta, a conscientização e o descarte adequado do óleo vegetal, o óleo de cozinha.
Exemplo de sucesso na preservação do ambiente, o ReÓleo já conquistou o Guinness Book para Florianópolis como cidade que mais reciclou óleo de cozinha.
A coleta de óleo de cozinha pelo programa é feita com cadastro em três formas:
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- PEV – Ponto de entrega voluntária: categoria aberta para que a comunidade possa também levar o resíduo até o local. Ex.: escolas, associações e empresas.
- Geradores: Pontos que geram o resíduo. Ex.: restaurantes, cozinhas industriais e bares.
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- Condomínios
Além da coleta, o programa desenvolve diversas ações de conscientização pela preservação do meio ambiente. Através do Reciclar é Educar, com palestras sobre educação ambiental em escolas e entidades.
De Gincanas entre escolas do município de Florianópolis, com disputas de arrecadação de óleo de cozinha. E do Seminário Viver Sustentável, evento anual de consciência ambiental, palestras, cases e oficinas, que ocorre em conjunto com a Semana do Lixo Zero Brasil.
Para fazer parte do programa, é só entrar em contato pelo atendimento@acif.org.br.