Há mais de um ano nos vimos obrigados a aprender, nos adaptar e a sobreviver em meio à uma realidade completamente diferente da que estávamos acostumados.
A crise gerada pela pandemia da COVID-19 exigiu flexibilidade de muita gente para resolver imprevistos, acomodar custos inesperados e lidar com demissões indesejadas.
Setores como turismo, eventos, varejo de bens não essenciais, aviação, hotelaria, entretenimento offline como shows e eventos, por exemplo, foram alguns dos que mais sofreram.
Mas as dificuldades refletiram para todos. Segundo um estudo realizado pelo Centro de Estudos em Finanças da FGV, os mercados, de forma geral e global, se depreciaram após o dia 20 de fevereiro de 2020.
Claro que, dependendo da natureza e origens e dos impactos que uma crise causa, alguns setores podem acabar levando mais sorte que outros, como o caso dos supermercados e farmácias.
Vemos isso com o surgimento das diversas macrotendências que vêm despontando para o mercado pós-pandemia, como o consumo consciente, a valorização pelo bem-estar e saúde e a praticidade dos formatos e-commerce, delivery e take away e do home office.
Mas independente do segmento, todas as empresas, de alguma forma, foram impactadas, seja no faturamento, seja no próprio modo de gerir o negócio. E o que podemos dizer que aprendemos com essa crise?
São os momentos de dificuldade que nos fazem perceber a importância de agir com rapidez, de ter um plano de contingência e uma comunicação bem alinhada.
Neste artigo, você vai poder conferir algumas das lições da pandemia mais valiosas que a Associação Empresarial de Florianópolis (ACIF) aprendeu durante o momento de crise.
Continue lendo para entrar fundo no assunto e começar a aplicar algumas dessas dicas na gestão de crise da sua empresa.
Nenhuma crise dura para sempre
Antes de mais nada é preciso ter em mente que nenhuma crise dura para sempre. A economia é feita de ciclos e em dado momento iniciaremos uma nova etapa.
Não é um momento fácil e, assim como vemos muitos cases de sucesso com empresas que se reinventaram, ou mesmo descobriram um nicho mais lucrativo com a pandemia, também vemos que muitos empresários seguem penando para se manter ativos.
Entendendo estes ciclos econômicos, é possível compreender a situação atual. Sendo fundamental olhar para frente de forma a planejar-se para o cenário pós-pandemia.
Quando estamos diante de algo que não estava no nosso radar, como o caso de uma crise de saúde global, entendemos que é mais prudente cuidar com mais atenção dos gastos, evitar desperdícios e aprender a administrar melhor o dinheiro, trabalhando melhor a inteligência emocional e a visão sistêmica.
Estar ciente destes aspectos e preparado para os desafios é fundamental para qualquer empresa, mas principalmente para quem está começando um negócio.
Entendendo a estrutura de uma crise
Para gerenciar uma crise dentro de uma empresa é preciso ter em mente três pontos importantes: que existe solução para o problema, que existe um prazo para esse problema acabar e que, ao longo do caminho, surgirão lições aprendidas com os desafios.
- Solução: Sabendo que não há tempo para focar apenas nos problemas, sua empresa coloca o foco no lugar certo: o da construção do caminho até as soluções.
- Prazo de validade: E o que fazer até que a solução apareça? Se o desejo é de que este prazo seja o menor possível, a busca por soluções deve ser contínua e diária. Uma visão realista da situação atual, força de vontade para superar os desafios e uma dose de criatividade são fundamentais para encurtar este prazo.
- Lição: Lembre-se que cada tropeço é uma oportunidade de aprender para não errar mais. Solucionar é essencial, mas identificar e absorver as possíveis lições a se aprender é muito importante para estar mais preparado nas próximas crises que poderão surgir.
8 lições que aprendemos com a crise
Desde o início da crise sanitária que assolaria o mundo, no começo de 2020, alguns pontos ficaram muito claros para a ACIF como organização. A responsabilidade de ser uma rede de proteção e apoio aos empresários locais sempre foi um destes pontos.
Foram momentos turbulentos de incertezas, sempre marcados pela constante busca por soluções.
Focados em minimizar os impactos da crise, a ACIF, hoje, pode dizer que aprendeu muito.
Confira abaixo 8 coisas que aprendemos com a crise da pandemia e que você pode aplicar na sua empresa:
1. Estruture um comitê de crise
Mais que nunca, é hora de trabalhar com estratégia e planejamento. O ponto principal do gerenciamento de crise é antecipar possíveis situações para planejar futuras ações.
Para isso, a empresa deve ter uma estrutura forte de governança corporativa, contando com profissionais preparados para liderar em meio a um cenário de instabilidade.
Estruture um comitê de gestão de crise com integrantes chave da empresa para ajudar nas tomadas de decisão de forma mais ágil e assertiva.
Com o comitê montado, sua empresa deverá criar um plano de ação e monitorar periodicamente durante um período os resultados das ações tomadas, com o objetivo de mitigar os riscos operacionais.
2. Tenha um plano de contingência
Nunca se sabe quando poderá surgir uma nova crise e a questão aqui é justamente ter uma reserva para os imprevistos a fim de garantir maior segurança para a empresa e também para os colaboradores.
É importante que o empresário tenha bem definido os seus principais gastos, identificando aqueles que são essenciais, definindo uma parte da receita para poupança ou investimento e evitando gastos desnecessários.
Entenda se é necessário reduzir algum gasto, por quanto tempo a empresa deverá ficar em contenção e qual o valor necessário para a reserva de contingência.
A recomendação para reduzir estes gastos é de 3 a 12 meses. Profissionais liberais, por exemplo, por possuírem menor estabilidade, pedem uma reserva financeira maior. Para calcular o quanto será necessário, multiplique a média de gastos mensais pelo número de meses que você queira passar assegurado pela reserva.
3. Coloque as pessoas em primeiro lugar
A gestão de pessoas se tornou ainda mais essencial com a crise da pandemia de COVID-19.
Isso porque muita gente teve a saúde mental afetada por conta do isolamento social, da mudança de rotina, do medo pela família e amigos, do desemprego, entre outras preocupações.
Em momentos de crise, é preciso garantir amparo e suporte para que o colaborador se sinta seguro, motivado e produtivo. Afinal, o que move toda uma organização são as pessoas que a compõem.
Portanto, dedique uma atenção à gestão de pessoas. Invista na área de Recursos Humanos da sua empresa, tenha um plano de gestão de crise para ajudar no planejamento do RH e trabalhe para reter e desenvolver os talentos.
4. Revisite os valores da empresa sempre que possível
Um time precisa se sentir seguro e pertencente. Por isso, sempre que possível, reforce a cultura e os valores da empresa, principalmente entre os gestores.
Mesmo fora da crise, destacar os valores sempre foi essencial. Mas durante momentos desafiadores, é sempre importante ter clara a essência da marca de forma a garantir que as atitudes de todos se mantenham dentro do que a empresa representa. Além de facilitar a comunicação, traz segurança e valoriza o time.
5. Documente as decisões tomadas e analise periodicamente os resultados
Desde o início da criação do comitê de crise até o momento em que ele já não se mostrar mais necessário, é importante registrar. Documente todas as decisões tomadas e resultados, coloque os planos de ação em um documento apresentável, e se possível registre as reuniões.
O motivo de ter um grupo de pessoas pensando junto é justamente para garantir um acompanhamento cuidadoso dos passos que estão sendo tomados. Acompanhe e analise periodicamente os resultados obtidos com as ações decididas pelo grupo.
6. Simule cenários e trabalhe para antecipar riscos
Não se limite a “sobreviver à crise”. Tenha um planejamento e trabalhe a gestão de riscos na sua empresa para prever os impactos e trabalhar soluções com antecedência.
Uma forma de analisar possíveis cenários com a gestão de riscos é através da ferramenta de Análise PESTEL, que olha para a crise de forma macro e identifica seis ambientes:
- Political (Político)
- Economic (Econômico)
- Social (Social)
- Technological (Tecnológico)
- Environmental (Ambiental)
- Legal (Legal)
Com base na área de atuação da empresa, a análise foca em determinados ambientes para entender as mudanças de comportamento, adiantar os impactos e influências do ambiente e tomar decisões de forma mais inteligente.
7. Desenvolva lideranças
Mais do que nunca se precisou de líderes preparados.
Desenvolva as lideranças dentro da sua empresa para garantir que as equipes se sintam amparadas e guiadas nesse momento de desafios constantes.
Se o líder é aquele que inspira e motiva a caminhar junto na mesma direção, encontre maneiras de garantir que esse profissional esteja apto para a função, que se sinta seguro e que tenha os atributos de um bom líder.
Avalie como está a comunicação dentro da equipe, como o time lida com imprevistos e se existe transparência com todos os colaboradores sobre as principais decisões da empresa.
Se não é possível novas contratações (afinal, o momento da crise é de contenção), desenvolva os profissionais que você tem hoje.
Algumas das características de um bom líder são a visão sistêmica, olhar crítico, boa comunicação e gosto para lidar com pessoas, proatividade e autoconfiança somada à humildade para aprender com os erros.
8. Tenha uma rede apoiadora de networking
Por fim, cerque-se de empreendedores que pensam em soluções e olham para frente.
Nunca o associativismo foi tão importante como no último ano. A união por um mesmo objetivo e o empenho e dedicação na busca por resoluções concretas são o que movem as empresas que querem crescer.
Fazer parte de uma organização como uma associação empresarial faz toda a diferença. Afinal, é sempre mais fácil passar pelos desafios estando acompanhado.
Tanto que uma das vantagens de associar-se à Associação Empresarial de Florianópolis é o constante networking dos Núcleos Empresariais.
Fazer parte destes grupos é ter à disposição uma rede apoiadora de empreendedores para construir ações para mitigar os impactos da crise, reivindicar em conjunto por uma pauta em comum, resolver problemas regionais ou do segmento, formar parcerias e, claro, divulgar a empresa e fechar negócios.
Ainda não conhece os núcleos empresariais da ACIF? Acesse a página de núcleos e conheça todos.