Os motivos para apoiar mulheres no empreendedorismo vão além da garantia de independência financeira individual. É sobre empoderamento de mulheres como um todo, rede de relacionamento e networking e sobre fazer diferença na sociedade e impactar no cenário econômico.
Segundo dados do Global Entrepreneurship Monitor, já são cerca de 24 milhões de mulheres empreendendo no Brasil. 44% dessas empresárias abriu seu negócio por necessidade ou escassez de emprego, contra 32% dos homens que entraram no empreendedorismo pelo mesmo motivo.
Outro dado que amplia a visão sobre o contexto do empreendedorismo feminino, é o de que, segundo pesquisa do Sebrae, a maioria das empreendedoras atua com serviços de alimentação, serviços domésticos, comércio varejista de roupas e cabeleireiro.
A partir daí já é possível entender melhor o cenário de desigualdade de gênero dentro de empresas de tecnologia e inovação, por exemplo. Já que 84% dos donos de startups são homens, segundo Mapeamento da Associação Brasileira de Startups.
Ainda assim, em 10 anos (2001 a 2011), conforme pesquisa do Sebrae mostra, o número de empreendedoras cresceu 21%, sendo que no mesmo período o número de homens que empreendem aumentou somente 9%. E em relatório mais recente do Sebrae (2019), 50% dos empreendedores em fase inicial são mulheres.
Outros dados de relevância para entender a diferença que o empreendedorismo feminino faz e ainda pode fazer são os de que quase metade (48%) dos MEI que existem hoje no país é formado por mulheres.
Que mulheres têm menor taxa de inadimplência comparada aos homens (3,7% contra 4,2%). E que empresárias têm maior escolaridade (16% a mais), apesar de ainda ganharem 22% a menos que os homens na mesma posição.
Mais mulheres no universo empresarial é sinônimo de inovação e novos olhares, já que mulheres empreendedoras inovam mais em tecnologia que os homens. Segundo o Sebrae, 71% das mulheres usam redes sociais, aplicativos e internet para vender, contra 63% dos homens.
Assim, vemos que há muitos pontos a melhorar ainda neste cenário, mas existem perspectivas otimistas. Exemplos de mulheres de negócios de sucesso em grandes empresas e a criação de redes de networking voltadas ao empreendedorismo feminino servem de impulso para a construção de um ambiente empresarial mais democrático.
O que é o empreendedorismo feminino
Com esses dados já temos uma perspectiva do quão masculino o ambiente de negócios ainda se mantém no mundo e no país, mesmo que já tenham se passado mais de 30 anos desde o Movimento Sindical e a Constituição de 88, marcos da conquista por direitos trabalhistas e por igualdade jurídica das mulheres brasileiras.
O empreendedorismo feminino é a iniciativa empresarial idealizada, construída e gerida por mulheres. Tem como foco a liderança feminina, seja na criação de uma nova empresa ou projeto como na gestão de cargos de relevância em empresas.
O empreendedorismo feminino tem o objetivo de romper com o empreendedorismo tradicional, pautado em uma visão patriarcal, que se limita na ideia de que sucesso, força e liderança estão ligados à autoridade do homem.
A revolução do empreendedorismo feminino revisa essas ideias ultrapassadas e almeja transformar o mundo empresarial em um espaço mais diversificado, democrático, inclusivo e inovador.
Apoiar mulheres na linha de frente das empresas e cargos de liderança é um ato pela transformação social do mundo dos negócios. É apoiar um mercado mais gerador de empregos, mais igualitário e inovador.
A mulher que conquista a liberdade financeira se torna ainda mais protagonista da sua história, decisões e ambições.
Esse empoderamento ajuda na quebra de ciclos de violência, afinal, uma mulher mais independente financeiramente se torna mais capaz de proteger a si mesma e a sua família. Além de conquistar os próprios sonhos e percorrer um caminho de realizações pessoais.
Desafios modernos e como superar
E se as mulheres são maioria nas empresas em fase inicial, elas estão em menor número no grupo dos empreendimentos já estabelecidos: 43% segundo dados da Global Entrepreneurship Monitor.
Entre os desafios para mulheres manterem-se no empreendedorismo estão, acima de tudo, o preconceito. Por mais avanços que tenham sido conquistados nos últimos anos, ainda há muito o que melhorar. A autoconfiança de mulheres costuma ser mais atingida e, com isso, elas tendem a se cobrar mais e a não admitir erros.
Mulheres que já atuam no empreendedorismo conhecem bem de perto esses desafios. Por isso, é importante atuar e articular de forma ativa para as mulheres ocuparem de verdade seu espaço no mundo empresarial:
1. Trabalhe a autoconfiança
Um mercado preconceituoso vai tentar, todo dia, colocar dúvidas na cabeça de mulheres ambiciosas. Trabalhe a autoconfiança, sempre. Toda habilidade pode ser adquirida com estudo e treino, acredite no seu potencial e não tenha medo de falhar.
Se esse for um ponto difícil de trabalhar sozinha, um profissional de psicologia e técnicas de coaching poderão ajudar.
2. Tenha sede por conhecimento
O lado bom de ser constantemente colocada à prova é a certeza de que sempre é possível melhorar. Quem empreende está em constante transformação pois o mercado muda a toda hora.
Portanto, a busca por novos conhecimentos, habilidades, tendências é rotina na vida de uma empreendedora de sucesso.
3. Sem medo de inovar
O planejamento de toda empresa ou projeto é essencial. Mas a cautela excessiva pode virar medo. Tire do papel aquela ideia que sempre esteve no mundo da teoria e teste ela no mundo real. Só assim é possível empreender.
4. Crie uma rede de apoio
O empoderamento, a sororidade – empatia entre mulheres – e a união são agentes transformadores da mudança necessária a um mercado empresarial mais justo e próspero.
Crie grupos de mulheres empreendedoras, seja na empresa que você atua, seja com outras empresárias. grandes mudanças acontecem com a união de forças, e o networking será o grande aliado nessa jornada.
Faça parte núcleos empresariais setoriais dentro do seu nicho ou então de grupos diretamente voltado ao empreendedorismo feminino.
As trocas de experiência, possibilidades de criação de projetos únicos, evolução pessoal e profissional são alguns dos motivos de fazer parte de uma rede de mulheres.
Por fim, apoie-se e busque inspiração em outras mulheres. Sejam mulheres já bem posicionadas no mercado, como Helena Trajano dona da rede de lojas Magazine Luiza, Cristina Junqueira, co-fundadora da fintech Nubank, Heloisa Helena Assis, dona do Instituto Beleza Natural, Tânia Cosentino, presidente da Microsoft Brasil ou Mônica Souza, diretora da Maurício de Sousa Produções.
Seja na empreendedora mais próxima que você conhece. A amiga, mãe, vizinha, colega de trabalho que começou a empreender agora. O país está cheio de mulheres capazes, talentosas e com força o suficiente para mudar para melhor o ambiente de negócios.
Questione o número de mulheres em cargos de liderança na sua empresa, trabalhe a gestão para que o time de colaboradores seja mais diversificado. Valorize as equipes femininas e desenvolva lideranças dentro delas.
Uma rede de apoio pode começar em qualquer ambiente. O importante é ter como foco a mudança de perspectivas. O empreendedorismo feminino vem para criar um ambiente mais justo e diverso no âmbito empresarial, e com isso, trazer mudanças significativas no âmbito social.
Conheça o ACIF Mulher
O Núcleo Multissetorial da Mulher Empresária, ou ACIF Mulher, é um núcleo empresarial com mais de 20 anos de atuação criado com o foco no desenvolvimento de lideranças femininas e apoio ao empreendedorismo feminino, através de encontros, palestras, capacitações e muito networking.
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